Uma Concertação pela Amazônia completa cinco anos como referência na articulação de propostas para o desenvolvimento das Amazônias

Rede multissetorial avança com agenda integradora que conecta ações de saúde, educação, segurança, regularização fundiária e bioeconomia

Em meio a um contexto global de emergência climática e busca por novos modelos de desenvolvimento sustentável, a rede Uma Concertação pela Amazônia celebra cinco anos de atuação como um dos principais espaços de articulação multissetorial voltados à região amazônica. Criada em 2020, a Concertação é hoje uma organização consolidada, formada por mais de 1300 pessoas, entre lideranças da sociedade civil, setor privado, academia, setor público e representantes de comunidades da floresta, comprometidas com a construção de um futuro que alie conservação, justiça social e prosperidade para os 30 milhões de habitantes da Amazônia Legal.

Com uma abordagem integradora, sistêmica e baseada no conhecimento, a Concertação se consolidou como um espaço permanente de diálogo e proposição de iniciativas estruturantes para esse território. “A Concertação surgiu da necessidade de construir pontes entre diferentes visões e setores, reconhecendo a diversidade da Amazônia e propondo caminhos viáveis e respeitosos para seu futuro”, destaca Lívia Pagotto, secretária-executiva da rede.

Sua atuação é organizada por meio de um núcleo de governança formado por 28 lideranças empresariais, indígenas, da filantropia e da academia – entre elas, a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, o empresário Denis Minev, a ativista ambiental Vanda Witoto e o pesquisador Beto Veríssimo, co-fundador do Imazon – e por Grupos de Trabalho que reúnem mais de 500 especialistas orientados para a implementação de ações concretas em áreas como bioeconomia, educação, cultura, saúde, segurança, juventudes e regularização fundiária.  

Conhecimento que gera impacto

Desde sua criação, a Concertação vem reunindo, sistematizando e compartilhando conhecimento por meio de publicações que orientam decisões e inspiram políticas públicas. Sua primeira publicação, “Uma Agenda pelo Desenvolvimento da Amazônia” (2021), propõe ações concretas para o desenvolvimento sustentável da região.

Em 2022, foi lançado o documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias”, com 14 propostas e atos normativos direcionados aos novos mandatos que tomaram posse em janeiro de 2023, a nível federal, estadual e no Congresso Nacional. Já em 2023 e 2024 foram publicadas as “Propostas para as Amazônias: uma abordagem integradora – Partes 1 e 2”, com recomendações integradas que conectam variáveis político-econômico-socioambientais, reconhecendo a diversidade de realidades e necessidades do território. 

Para acolher a complexidade e diversidade da Amazônia, a iniciativa tem avançado na consolidação do conhecimento existente em temas como Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais; Ciência, Tecnologia e Inovação para as Bioeconomias; Biodiversidade; e Bioeconomia Indígena. Sempre em articulação com especialistas, lideranças locais e organizações parceiras, esse mergulho já resultou no lançamento de 7 cadernos temáticos. 

Perspectiva bioeconômica indígena

Tema do maior Grupo de Trabalho da rede, a bioeconomia vem recebendo cada vez mais atenção. Em 2024, em parceria com os antropólogos Braulina Baniwa e Francisco Apurinã e a WRI Brasil, a Concertação lançou um estudo que traz a perspectiva indígena sobre o tema. O trabalho ressalta a importância da cosmovisão, do bem viver e de conhecimentos, práticas e tecnologias sociais e traz elementos essenciais para o debate sobre políticas públicas como a Política Nacional de Bioeconomia, o Plano de Transformação Ecológica e a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas.

Neste ano, a rede deu mais um passo nesse campo ao publicar um levantamento inédito que investiga o ecossistema de financiamento à bioeconomia. O estudo traz recomendações para destravar o setor na Amazônia e identifica 159 mecanismos financeiros operados por 111 instituições, sendo que apenas 23% são voltados exclusivamente para iniciativas do setor – dado que reforça a necessidade de expansão de instrumentos adequados e acessíveis. 

Iniciativas estruturantes e educação amazônica 

A partir de 2023, a Concertação passou a mobilizar iniciativas estruturantes, com foco em impacto concreto, mensurável e de longo prazo nos territórios. Essas ações buscam promover a transformação real da realidade amazônica a partir da articulação entre diferentes setores e atores locais.

A cultura é tratada como um eixo transversal na atuação da Concertação, sendo uma forma essencial de aproximar as Amazônias do restante do país e gerar empatia com os modos de vida do território. Desde sua fundação, a dimensão cultural do desenvolvimento é promovida pela frente de Cultura da Concertação, responsável por iniciativas como a exposição Cores do Futuro, o mapeamento colaborativo Atlas Cultural das Amazônias e a curadoria de conteúdos que conectam expressão artística, identidade e sustentabilidade.

O Itinerários Amazônicos é um programa educacional voltado à formação de professores e à criação de conteúdos curriculares conectados às realidades da Amazônia para o Ensino Médio, em colaboração com jovens, educadores, especialistas e redes de ensino da Amazônia Legal. A iniciativa é uma realização do Instituto iungo, Reúna e Uma Concertação pela Amazônia, em parceria com o BNDES, Fundo de Sustentabilidade Hydro, Instituto Arapyaú, Movimento Bem Maior, com patrocínio da Vale. 

Reconhecida por sua atuação em espaços de diálogo e articulação multissetorial, a organização promove e participa de encontros estratégicos para o avanço da agenda de clima e desenvolvimento. Em cinco anos, a Concertação realizou 52 plenárias, webinários e encontros —com destaque para as Notas Amazônicas, uma parceria com a revista Página22, encontros online que tem o objetivo de aproximar as realidades das várias Amazônias e identificar caminhos para o desenvolvimento da região—,  além de ter participado  de 277 eventos. 

A rede também é uma  das realizadoras do Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza, um dos principais espaços de debate sobre investimentos sustentáveis no país, e, nos últimos anos, esteve presente em eventos internacionais de grande relevância, como as COPs do clima, além das Climate Weeks de Nova Iorque e Londres, colocando as Amazônias na pauta global.

Para Lívia Pagotto, a Concertação chega aos cinco anos com uma base sólida de conhecimento, articulação e ação concreta. “O que construímos até aqui é fruto de uma escuta ativa, de respeito à diversidade e de um profundo compromisso com o bem-estar dos povos da floresta e com a integridade ecológica das Amazônias”, afirma. 

A Concertação inicia agora um novo ciclo, voltado à consolidação institucional da rede, à ampliação das iniciativas estruturantes e ao fortalecimento de parcerias com organizações amazônicas e do restante do Brasil. O objetivo segue sendo o mesmo desde o início: construir pontes e propor soluções para que a Amazônia continue viva, diversa e próspera para as próximas gerações.


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